O Avanço das Inteligências Artificiais e o Futuro do Código Não Supervisionado
Como podemos lidar e quais os riscos da IA criar seu próprio código, sem qualquer supervisão humana e com desafios gigantes de auditabilidade.
Luciano Silva
10/8/20243 min read


O Avanço das Inteligências Artificiais e o Futuro do Código Não Supervisionado
A Inteligência Artificial (IA) tem evoluído em um ritmo acelerado, com capacidades cada vez mais complexas que permitem a criação de códigos, algoritmos e redes neurais internas de maneira autônoma. Um dos aspectos mais impressionantes – e ao mesmo tempo preocupantes – é que grande parte desse processo acontece sem supervisão direta de humanos. A quantidade de código gerado e utilizado por IAs supera amplamente o que vemos em softwares tradicionais, levantando questões sobre a auditabilidade e os possíveis riscos.
Linhas de Código e Comparações: IA vs. Softwares Tradicionais
Em termos quantitativos, os códigos criados e utilizados por IAs são vastamente mais complexos do que os encontrados em programas de computador convencionais. Por exemplo, enquanto um sistema operacional como o Windows 10 pode ter algo em torno de 50 milhões de linhas de código, as redes neurais treinadas, como os modelos de IA avançados (GPT-4 e similares), envolvem bilhões de parâmetros interligados, o que seria o equivalente a trilhões de linhas de código se considerarmos todas as operações subjacentes realizadas durante o treinamento e execução de tarefas.
Essa imensa quantidade de "código" gerado pela IA se torna algo impossível de ser completamente supervisionado ou revisado por humanos. Diferentemente de softwares tradicionais, onde engenheiros podem revisar e auditar cada linha, as IAs criam suas próprias estruturas internas que mudam dinamicamente com base nos dados que recebem e processam.
A Complexidade da Auditoria
Auditar uma IA moderna é uma tarefa incrivelmente complexa, pois as redes neurais profundas funcionam de maneira quase autônoma, ajustando pesos e criando conexões que muitas vezes nem mesmo os criadores podem entender plenamente. A falta de transparência é uma grande preocupação para muitos profissionais de tecnologia. Como auditar algo que está em constante evolução e aprendizado? Como garantir que os processos internos da IA sejam seguros e éticos se nós, como humanos, não conseguimos visualizar toda a extensão desses códigos?
Empresas como a OpenAI já se posicionaram sobre esses riscos, afirmando que há a necessidade de maior regulamentação e transparência no desenvolvimento de IAs avançadas. No entanto, a realidade é que essa complexidade cresce a uma velocidade tal que nem sempre há ferramentas ou métricas capazes de acompanhar e garantir que tudo está funcionando da maneira prevista. Mesmo métricas básicas, como "linhas de código", se tornam insuficientes diante de redes neurais de múltiplas camadas que operam com bilhões de parâmetros interdependentes.
Riscos e Benefícios: O Medo do Desconhecido
O medo de IAs descontroladas é um tema frequentemente explorado por Hollywood, como no famoso exemplo da Skynet, do filme "O Exterminador do Futuro", uma IA que toma consciência e decide aniquilar a humanidade. Esse tipo de narrativa explora o lado sombrio e desconhecido da tecnologia, uma metáfora para o medo humano do que não podemos controlar. Esses medos, embora exagerados no cinema, não são completamente infundados. A possibilidade de uma IA superinteligente que funcione sem supervisão humana levanta questões éticas profundas.
Por outro lado, existe o lado positivo. A IA tem o potencial de revolucionar diversos setores, oferecendo soluções antes inimagináveis. A educação, por exemplo, pode ser transformada com tutores inteligentes que chegam a regiões onde não há acesso a professores qualificados. Na saúde, IAs já estão ajudando a diagnosticar doenças com precisão, agilizando o tratamento e salvando vidas. Em logística, os sistemas de IA otimizam rotas e processos, reduzindo custos e aumentando a eficiência. Na construção civil, robôs e IAs colaboram para melhorar a precisão e segurança dos projetos.
Essas aplicações mostram como a IA pode liberar as pessoas de tarefas repetitivas e desgastantes, permitindo que se concentrem em atividades mais criativas e gratificantes, resultando em maior qualidade de vida e até em jornadas de trabalho mais curtas.
O Futuro: Medo e Esperança
O futuro das IAs ainda é incerto, e é natural que haja medo. O ser humano, ao longo de sua evolução, sempre teve receio diante de grandes mudanças tecnológicas, seja na Revolução Industrial ou, agora, com a revolução digital. No entanto, a esperança de que essas inovações melhorem o mundo é igualmente forte. A IA tem o potencial de trazer grandes avanços para a humanidade, e cabe a nós encontrar o equilíbrio entre regulação e inovação para garantir que esse futuro seja promissor.
Portanto, embora existam riscos reais, também há motivos para otimismo. O avanço da IA pode transformar a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. E, como em qualquer grande revolução, é a esperança que nos leva a explorar novos horizontes e a buscar um futuro melhor.